Pois claro...
Por fim chego à última luz das quatro paredes escuras.
Esta não brilha, não é intermitente, não é incandescente...
O olhar é pesado e, por isso, fundo
As pestanas recolhem-se, já não vivem
O meu olhar é agora do castanho banal.
Aqui o calor é do tempo..
O que dói é ferida do corpo..
Quando molha, só pode ser chuva..
Quando bate, é só uma porta.
Aqui, onde o calor é do tempo
O que mata é a arma ou a doença..
O que consome é vela e oxigénio..
Quando destrói, é químico ou nuclear.
A luz que vai acabar, não volta mais
Fecho os olhos...
Apenas me adiantei à escuridão.
Tocas-me sempre ao de leve mas com a profundidade de quem protege. Aperto-te mais, tento saber se me perdoaste...
O meu choro é sempre daqueles que parece não ter fim, não é?
(Quando conseguirei contar-te que tenho por que precise que me perdoes? Quando saberei se me perdoas mesmo...)
A tua paciência esgota-se rápido, "não chores mais".
Já nem dizes que "não suporto ver-te chorar". Talvez porque te culpas por algumas lágrimas que, minhas, caíram por ti... Ou talvez porque, ao veres-te reflectido no verde ou no vermelho que dizes ver nos meus olhos, até pensas que te fiz mal... Até sentes que preciso que me perdoes...
E aqui sentes-te - finalmente - com poder. É por isso que tens sempre a capacidade de sorrir.
Embirras com o meu cabelo, como sempre. Acredito que o farás, mesmo quando o encontrares menos vivo...
Regresso de cara lavada, fita na cabeça. "Estás linda", sorris.
Quero deitar-me... Se vais fumar, não sujes nada. E traz-me um chá.
Bebo o chá e espero que esse odor a tabaco se torne imperceptível, já que há muito deitei fora a tua escova de dentes, num acto de fúria (essa escova, que nunca se repôs, deveria ter sido um sinal para mim).
Já chega de esfregar o nariz... Já chega de esfregares o teu no meu...
Deixa a televisão ligada e traz-me o abraço que me dá paz
Agora chama alguém que me ame de verdade.
De manhã.
Abraço-me à almofada como gostava que pegasses em mim. A brisa que sinto, penso nela como sendo a tua respiração a roçar a minha pele. Os meus lábios soletram, "perdoa-me". Apertas-me mais. Estás tão perto... Gosto que gostes de mim. Sorrio, não digo mais nada. Estás aqui, estou bem. Afagas-me o cabelo. Chega-lo para trás, olhas para mim. Sorris, eu fecho os olhos. "Perdoa-me", repito. "Abre os olhos", pedes... Tenho vergonha. O meu olhar é verde, o teu é de fascínio. Não consigo, fecho os olhos.
Esta luz tão forte que invade sem piedade as minhas pálpebras...
Afinal é de manhã!
Pensei que tinhas chegado.
Por vezes, depois, hoje
Às vezes pergunto-me o que haverá por detrás da tua crueldade...
Evito-o tendo em conta que, até agora, encontrei sempre mais uma lágrima minha.
E outra... E outra...
Hoje pela primeira vez cobri-me de todas essas lágrimas para tocar ao de leve essa crueldade.
O choque, de frontal, foi tão forte... Que esperei a bonança e um abraço de carinho pela primeira vez em tanto tempo sentido.
Mas nada.
Mais uma vez, nada.
2/Mar/2008
A conversa lenta e a vontade de falar imensa hoje lembraram-me que, às vezes - raras vezes, pois recuso aceitar que seja sempre - essas mentalidades mais banais têm a verdadeira razão quando dizem que não podemos escolher, é a sorte que simplesmente bate à porta.
Finalmente para ti, cúmplice
Se hoje eu pudesse corria para ti
Se hoje eu pudesse
Serias abraço
E beijo
e tudo mais
Se eu hoje eu pudesse fazia-te sorrir
Se hoje eu pudesse
Seria carinho
E paz
e tudo mais
Se hoje eu pudesse levava-te
Se hoje eu pudesse
Seríamos só tu
De mim, a vontade
e pouco mais
Se hoje eu pudesse éramos só eu e tu no mundo
Se hoje eu puder...
Serei frágil
Tu, sê colo!
e nada mais