Pois claro...
As minhas preferidas
A cada passo tento dar o melhor que sei e que dou.
O amor que sinto por muitos, tento transformá-lo
no calor das minhas palavras.
Hoje dou voz e lugar às palavras mais bonitas...
as minhas preferidas, pelo menos.
[Por Arnaldo Antunes]
« Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente...
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido que se estira num banho tépido.
Sentia um acréscimo de estima por si mesma
E parecia-lhe que entrava enfim
Numa existência superiormente interessante,
onde cada hora tinha o seu encanto diferente...
cada passo conduzia a um êxtase...
e a alma se cobria num luxo radioso de sensações! »
PERFEITO!
Eu e o meu Chefe. O meu Chefe e Eu.
Tu não perdeste...
ou... não me perdeste.
Pelo menos eu é que me perdi um bocado
e agora que começo a orientar-me, acho mesmo que não posso voltar.
Mas esse sentimento toca-nos a todos quando as pessoas saem... Sabes, as pessoas que tu sentes que perdeste, também eu senti o mesmo quando as vi sair e nunca mais me sorriram!
E às vezes fico a pensar... Que é dos grandes jogos, das grandes actividades, dos grandes momentos, sobretudo de grandes conversas que se passaram com essas pessoas... Pessoas que eu pensei que criaram ali um elo comigo e que, por vontade própria, o quebraram... Talvez porque acharam que precisavam de dar para continuar a receber.
Agora é quem lá está que precisa de ti! Porque esses ainda têm que ver que estarás para sempre...
Mesmo quem saiu, saiu com essa certeza, talvez a única, a de teres estado e de estares sempre lá. Foi por isso que, quando saíram, nunca mais olharam para trás, porque o ressentimento mói!
É que o que mais me chateia não é algumas pessoas terem saído sem dizerem nada, sem razão aparente, ou mesmo simplesmente saírem. O que me chateia é que quiseram sair e deixar tudo, percebes...
Querem, um dia, ser doutores e esconder ou negar a tua importância, a nossa. E, por isso, a cada passo, escondem-se e fogem de mim e de ti... Porque sabem, lá no fundo,
que fomos importantes, talvez essenciais, ao que eles sao agora e sabem que se pararem para falar connosco ou se voltarem a pôr lá os pés vão ver isso... E vão sentir de novo o que fomos um dia...
Eu gosto de sentir isso. É tão bom... E orgulho-me disso.
Mas quem nunca mais veio, quem nunca mais sentiu, quem nunca mais disse 'olá'... Não sei, não percebo.
Talvez tenham medo de algo tão grande...
Danças de Salão
À medida que me aproximava,
A música tornava-se mais presente
E vi passos num tal certo bailado
Que pareciam contar um discurso eloquente.
Foram palavras ditas e magoadas,
Foram erros cometidos e lamentados.
Foi um orgulho ferido
E um amor perdido.
Mas disse-to,
e disse-me:
" Quando tudo acaba,
tudo é mais fácil "Tudo o que, entretanto, passou despercebido
é, agora, claro e único.
Reparas, afinal,
que há mais colo, mais carinho.
Encontras, de novo, os que sempre te amaram.
Esses, nunca deixaram. Sempre ficaram.
Mesmo que, ao encontrar-me,
der por mim com a cabeça encostada ao vidro.
Ver-me... Suspensa
Quando o Mundo lá fora continua a rodar.
E se parecer impossível parar ou esconder
a lágrima que insiste em cair...
É mesmo! É mesmo mais fácil.
Porque voltas ao que eras e segues com a garra que te caracteriza.