Pois claro...
Hoje
...cheguei bem fundo
Senti o gelo cá dentro.
São milhões os cobertores
e o frio ainda me abrasa.
Hoje
...o que digo
Estou a senti-lo.
São milhões as respostas
para as perguntas que recuso ouvir.
Hoje
...dói demais
Aquilo que nunca soube suportar.
São milhões as feridas
Igualmente insuportáveis como as palavras.
Hoje
...a vontade de te beijar
Encontrou-me no caminho.
São milhões as forças
Com que evito esse desejo e essa estrada.
Hoje
...quando te encontrei no meu quarto
Tive vontade de te amar outra vez.
São milhões as emoções
Que me tocaram como, um dia, a tua mão.
Hoje
...esta lágrima é verdadeira
E seca todas as minhas raízes.
Como sempre.
Hoje
...partiste sem me abraçares
E antes de eu te poder amar outra vez.
Como sempre.
Não!
Quero lá saber se chegais a tempo..
Sei lá se deveria ter estado aí na Quinta-feira..
Não, não vou querer tomar café.
Não!
Nem vi o meu nome na pauta..
Se sou igual aos outros..
Não, não tirei as notas que querias!
Não!
Talvez só me lembre quando preciso..
Se calhar nem quero saber..
Não, não pensei mesmo em telefonar-te!
Não!
Hoje não tens piada..
Nem és o maior do mundo..
Não, não quero mesmo ouvir-te!
Não!
Preocupo-me pouco ou nada se estás bem..
Talvez até tenha esquecido o teu sorriso..
Não, não quero que gostes de mim!
Não!
Se me trouxeres um chocolate, não quero saber..
Se me ofereceres um beijo, não o vou querer..
Não, não quero mesmo o teu abraço!
Não!
Se bebes, o problema é teu..
Se choras, hoje procura um lenço..
Não, não se passa nada!
Não!
A proximidade não existe..
Esse colo que tens para me dar..
Não, não tenho mesmo motivos!
Não!
Agora esse olhar não chega..
O teu carinho nada representa..
Não, não desejo mais beijar-te!
NÃO! NÃO A NADA, A TUDO, MUITO, A COISA POUCA OU NENHUMA! NÃO!
NÃO!
Agora deixem-me chorar em paz...
Começa pela preguiça...
Nem vontade tenho de espreitar para fora dos lençóis...
Que horas são?
Já será dia?
Às vezes parece que dormi eternamente...
Outras, parece acabei mesmo de fechar os olhos...
Está quentinho aqui, debaixo dos lençóis.
Ouço a minha respiração contra eles...
Regressa a mim e é quente e afável.
Ganho coragem para me virar.
Quanto tempo vou durar de barriga para baixo?
Mas é bom, agora contra o colchão,
sentir o cheirinho dos lençóis que ainda ontem
(será que ainda é hoje?)
tirei do estendal, acabados de lavar.
E estes lençóis criam energia
enquanto roçam no pijama.
Não me lembro bem qual vesti...
Mas é simpático
Faz-me festinhas na pele.
Agora que me lembro,
Sinto vontade de sorrir.
Adoro quando esta magia acontece.
Obrigada por teres dormido a meu lado
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Não estou aqui por saudades disto...
Ou por pressões de terceiros...
Ou porque precise de escrever...
Porque esta data obrigue a isto...
Bom, talvez seja um misto de tudo.
Queria fazer tudo muito elaborado...
Queria um regresso brilhante...
Gostava de fazer disto um presente único.
Mas agora não consigo...
Ou não sei
A verdade é que é tudo uma questão de perder o medo
e o que tenho para dizer perde complexidade
A verdade é que é tudo uma questão de perder o medo
para que e saibas dizer "sim" e de forma simples
É tudo uma questão de perder o medo
para que possas entregar-te
Porque...
Foi tudo uma questão de perder o medo
Para te dizer "amo-te"
É que, agora,
cada mensagem minha que recebes
foi porque algo
saltitante e alegre
e, ao mesmo tempo,´
tímido e resplandescente
me lembrou o meu olhar quando se cruza com o teu