Tocas-me sempre ao de leve mas com a profundidade de quem protege. Aperto-te mais, tento saber se me perdoaste...
O meu choro é sempre daqueles que parece não ter fim, não é?
(Quando conseguirei contar-te que tenho por que precise que me perdoes? Quando saberei se me perdoas mesmo...)
A tua paciência esgota-se rápido, "não chores mais".
Já nem dizes que "não suporto ver-te chorar". Talvez porque te culpas por algumas lágrimas que, minhas, caíram por ti... Ou talvez porque, ao veres-te reflectido no verde ou no vermelho que dizes ver nos meus olhos, até pensas que te fiz mal... Até sentes que preciso que me perdoes...
E aqui sentes-te - finalmente - com poder. É por isso que tens sempre a capacidade de sorrir.
Embirras com o meu cabelo, como sempre. Acredito que o farás, mesmo quando o encontrares menos vivo...
Regresso de cara lavada, fita na cabeça. "Estás linda", sorris.
Quero deitar-me... Se vais fumar, não sujes nada. E traz-me um chá.
Bebo o chá e espero que esse odor a tabaco se torne imperceptível, já que há muito deitei fora a tua escova de dentes, num acto de fúria (essa escova, que nunca se repôs, deveria ter sido um sinal para mim).
Já chega de esfregar o nariz... Já chega de esfregares o teu no meu...
Deixa a televisão ligada e traz-me o abraço que me dá paz
Agora chama alguém que me ame de verdade.