são quatro as janelas que olham para mim enquanto espero para te escrever... não são janelas são paredes... na verdade já não sei o que digo pois perdi as minhas regras para cumprir... esta janela é na verdade insuficiente para trazer luz ao meu sorriso que um dia vi existir... sim porque sei que há pelo menos uma janela e tenho ideia de já ter visto esse sorriso acontecer
hoje queria ser vermelho-sangue queria ser fúria e escrever freneticamente queria ter a raiva de atirar com tudo e queria voltar ao lugar onde ninguém me pode tocar... queria conseguir falar e saber gritar para me ouvirem... queria outra vez o meu grito sem resposta... queria correr por quem me procura e criar círculos sem fim que me dessem razão de viver
por aqui tudo é incandescente... tudo está prestes a rebentar... tudo perdeu a alma ou a alma que tem consome-se pelo vazio que provoca este meu respirar tão baixinho... por este suspiro que por vezes cai e torna mais frágil o meu chão... preciso deste ínfimo ar para continuar a escrever para ti... porque sem escrever as minhas mãos deixam de ter razão de ser
deixa de roubar maçãs... onde estiveres volta esquecendo a hora certa para mim...
devolve-me a voz do coração... mas só tenho a mim para te dar