...saudades do eu...
Quando à noite no sentamos em redor da fogueira do acampamento, longe de tudo, sós na escuridão da floresta, somos levados a cismar, a meditar profundamente.
Quando o fumo doce da madeira a arder nos pica nas narinas, quando o veludo purpúreo dos céus, cravejado de jóias cintilantes, vela serenamente sobre as nossas cabeças (...) só então e aí é que o espírito é capaz de se abrir e de receber pensamentos grandiosos e impulsos elevados.
Baden-Powell
Baden-Powell disse: "Say your prayers regularly, read that wonderful old book, the Bible, and read that other wonderful old book, the Book of nature, and see and study all that you can of the wonders and beauties that nature provides for your enjoyment. Then turn your mind to how you can best serve God while you still have the life that He has lent you."
Baden Powell assim pensou e nada de mais antagónico à minha concepção do Mundo poderia ter dito, mas não usarei isto como um subterfúgio ridículo para não comentar.
Lord assumiu esta perspectiva como muitos outros assumiram. Proferiu estas palavras como tantos outros proferiram. E, sonhou com uma legião de seres identificáveis com esta visão aberta do Universo como muito e muitos outros sonharam. Há porém uma diferença entre todos os OUTROS e Baden Powell...enquanto aquele sonhou, o outro fantasiou e o seguinte planeou, Baden Powell triunfou. O vigor das suas palavras e a força das suas acções fizeram eco e, hoje, multidões seguem a sua filosofia de vida e Grupos como os Escuteiros provam-no diariamente.
Assim, apesar da não identificação com os valores propostos por este Homem, tenho que convir que algo de mágico se esconde no seu pensamento para a adesão de multidões.
Responda-me Lord Baden Powell: qual o segredo para converter os cépticos?
Anónimo
Para que percebam o que quero dizer (é que eu opto sempre pelo mais complicado…) cito aqui duas pessoas: um Anónimo, de quem apenas digo que eu o conheço e, portanto, não andei a vaguear em sites à procura de palavras bonitas, e o que dele basta sabermos é que, sendo praticamente ateu (vá-se lá saber o que isso é) nada tendo nem querendo ter a ver com escuteiros, proferiu estas palavras, como nenhum outro escuteiro proferira antes; e Lord Robert Baden-Powell, de quem basta dizer que por nós carinhosamente é seguido, e é aquele a quem carinhosamente (e repetiria-o incessantemente) chamamos B.P.
Tanto uma como a outra citação, não as vou explicar, cada um será livre da sua interpretação…
Mas pergunto-me se vos interrogastes do mesmo que eu… Pergunto-me se estes textos vos terão tocado da mesma maneira que a mim me tocaram…
É que, será que quando os jornais vão aos jamborees e dizemos frases feitas… bem, não há, quanto a mim, mal nenhum em dizer frases feitas, se, de facto, elas foram sentidas… mas eu vejo por mim própria (não estou aqui para incriminar ninguém)! Fui entrevistada por um jornal no acampamento de preparação do Eurojam e até disse uma coisinha de jeito: ‘Não trocamos os escuteiros por nada. Há uma mística que nos faz crescer e ganhar autonomia’. Pois bem, e eu pensei em B.P. quando disse isto? Sinceramente, não. E a verdade é que a mística não veio só por si. Olhei para a restante notícia… Por acaso não era pequena, e nem uma única vez era referido numa notícia sobre escuteiro, aquele tal tratado como B.P. … carinhosamente…
O meu apelo é que, estando próximos do Centenário, e o próprio Eurojam 2005, que quase que o antecipa, quando gritarmos ‘Queremos ser a imagem de B.P.!’, que não seja só porque já cantámos o resto do cancioneiro todo, e quando praticarmos a B.A., quando ficarmos tristes ou contentes num acampamento (acampamento… fixe!), ou quando olharmos para toda a mística e toda a didáctica que também nos envolve (provas… que seca!)… Bem, nestes ‘momentos bons e maus, desta estrada percorrida’ sintamos com mais fervor aquilo que sentimos, digamos com mais fulgor aquilo que dizemos, quando prestarmos a devida vénia a Baden Powell… carinhosamente, B.P.
É que se assim somos felizes, a ele o devemos, pois assim ele o quis… carinhosamente…
Acho que dá para perceber que escrevi estas palavras há muito tempo...
Na verdade, hoje em dia já não sou escuteira.
Dou por mim com cara de parva a olhar para a farda que nunca saiu daquele cantinho do armário que sempre foi dela...
Recordo como chorei cerimónias, quando olho para minha condecoração... As palavras que me dedicaram...
Todos os dias páro perante o lenço que recuso guardar, que se mantém numa mesa especial... qual altar!
... lenço da cor azul debruada...
Amo este movimento.
Faz parte de mim.
Fiz a minha vida segundo aquele azul...
Ninguém percebe como me custou sair...
Então se eu própria não sei explicar!
Só queria que soubessem que não deixei de amar...
Sei agora que havia esperanças em mim...
E envergonho-me de terem sido em vão, talvez.
Mas eu nunca deixei de amar!